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[UpGeek] O governo jogou Mentos na geração Coca-Cola, agora vai ter que aguentar…

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Mais de 20mil pessoas foram ao protesto/manifesto nesta quinta-feira.

… Ou o relato de uma manifestante.

Mais de 20mil pessoas foram ao protesto/manifesto nesta quinta-feira.

Mais de 20mil pessoas foram ao protesto/manifesto nesta quinta-feira.

Um país que há pouco tempo saiu de uma ditadura militar. Um governo ligado ao próprio interesse que cria ajuda financeira para bandidos e corruptos. Uma população que aguentou tudo… Até agora.

Poderia até ser sinopse de um filme hollywoodiano com grande elenco e efeitos especiais incríveis, mas não é. Esse é o Brasil de 2013.

Finalmente está acontecendo, mas até quando acontecerá?

Ontem, dia 20 de junho de 2013, várias cidades do país saíram do CandyCrush, do Criminal Case, do LoL, do WoW, do XVídeos e do RedTube para mostrar que o povo tem voz e que agora terá vez. Muitas das pessoas que estavam nas ruas ou não eram nascidas ou eram muito pequenas quando o Brasil se mostrou com voz em 1984 e contra Collor alguns poucos anos depois disso, mas várias outras que viveram aquele período e tantos outros pareciam concordar que a luta de hoje em dia lembra bastante àquelas de antigamente.

Aqui em João Pessoa, no estado da Paraíba – tão esquecida quando coisas bonitas acontecem como o manifesto pacífico de ontem ou o policial que estava distribuindo água mineral para os manifestantes, ou a reza que os manifestantes fizeram juntamente com a polícia – o povo acordou.

O protesto, que tinha intenção de mostrar que o [highlight]#GiganteAcordou[/highlight], foi bem tranquilo e realmente pacífico. Tão pacífico que a carteira perdida de algum rapaz foi encontrada por uma pessoa de bem e entregue aos organizadores no trio elétrico que estava nos acompanhando para ser devolvida ao dono. Tão pacífica, que o máximo de ofensa ouvida foi “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” e algumas poucas vaias quando a polícia passava pelo meio da multidão, mas essas vaias não duraram por muito tempo. O pessoal percebeu que não havia sentido fazê-lo.

Falando em multidão, os dados oficiais mostram que dos 742.478 habitantes (de acordo com o IBGE de 2012), um pouco mais de 20 mil foram às ruas, e aqueles que não puderam ir mostraram apoio colocando lençóis brancos em suas janelas e acendendo e apagando as luzes de suas residências. Houve um momento, quando descíamos a Avenida Epitácio Pessoa, por volta das 18hs, no qual pareceu que estávamos no Natal, tamanha a quantidade de luzes acendendo e apagando. Foi lindo.

Além das belas imagens das residências piscando, tivemos vários hinos cantados pelo pessoal. Dentre os quais “Doutor, eu não me engano, quem tá doente é o Feliciano”, um claro protesto contra a “Cura Gay”, projeto do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias Marcos Feliciano, e “Brasil, ‘bora’ acordar! O professor vale mais que o Neymar”, tiveram destaque. Esses hinos foram repetidos várias vezes e até apareceram em alguns cartazes. Claro que houve outros, inclusive o Hino Nacional Brasileiro e o famoso “Eu sou brasileiro com muito orgulho e muito amor”.

Mas aqui, faço uma pausa.

Não é só de hinos, cartazes e pacifismo que se faz revolução. Quando foi a última vez que você viu uma revolução ser feita sem nenhum tipo de violência? Não falo da física. Falo do pior tipo de violência, a qual é principalmente ligada à quebra do governo. Claro, paramos o trânsito de uma das avenidas mais movimentadas da cidade, especialmente às 18hs da tarde, mas não fomos nós quem decidiu isso, foi o governo. Os policiais e a STTRANS PB (Superintendência de Transportes e Trânsito da Paraíba) foram quem decidiram por onde deveríamos passar, e já estava previamente estipulado no evento do Facebook por onde andaríamos.

Em minha humilde opinião, acredito que se tivéssemos parado o trânsito em meio aos carros e ônibus, o efeito seria muito mais forte. Além disso, houve uma falha na comunicação entre a organização e o público, tanto que uma parte do pessoal foi para a Praça dos Três Poderes, onde ficam localizados a Assembleia Legislativa, o Palácio da Redenção e o Tribunal de Justiça do Estado, enquanto que outra parte do grupo – eu inclusa – seguia para a Avenida Presidente Epitácio Pessoa. E mesmo com essa confusão de informação, conseguimos mostrar ao país que a Paraíba também existe (embora não tenha passado muita informação sobre isso na mídia nacional, afinal, pacifismo não é tão rentável quanto violência, mas isso é assunto para outra postagem).

Para entender melhor esse meu ponto de vista sobre o uso de “violência”, sugiro esse texto.

Foi só um começo, mas foi um bom começo. Semana que vem teremos protesto nas ruas contra o PEC 37, no dia 25 de junho e no dia 26 de junho, teremos o ato de cidadania também contra o PEC 37, mas dessa vez online. E com isso veremos o ganhador de mais uma batalha nessa guerra pela democracia prometida: o governo ou o povo.